terça-feira, 13 de outubro de 2009

Perdão, mágoa e sombra - parte 1

Notei algo curioso sobre nossos comportamentos humanos: por que não conseguimos perdoar com facilidade?
O perdão sempre foi um assunto exclusivamente tratado no âmbito religioso.
Seria uma discórdia entre os homens e mediada por Deus, "perdoe para que Deus te perdoe".
Portanto, o perdão se tornava um ato religioso que envolvia apenas um movimento, perdoar o quanto antes.
O problema é que nas terapias individuais e de grupo conduzidas no Instituto Evoluir notei que o perdão não é um ato único e sim um processo psicológico de cura interior trabalhoso, com múltiplas etapas e profundidade.
O fato sombrio por trás da mágoa é: existe um prazer secreto no ressentimento que a pessoa magoada não consegue se desapegar.
O ressentido está numa condição de superioridade em relação ao agressor. Por ter se julgado ofendido o agredido permanece no seu posto privilegiado de cobrador. Ele passa a ter um crédito moral com o ofensor e isso confere poder a ele.
Internamente, a pessoa ressentida revive ou re-sente o conflito inúmeras vezes reforçando o quanto foi agredida, humilhada e o quanto sua mágoa é justificada. Crucifica muitas vezes o agressor e permanece congelada no tempo.
Seu sentimento passa a girar em torno do passado, e sua vida não flui naturalmente. Esse poder sobre o passado prende o ressentido infinitamente. Ele carrega o seu "agressor" dentro de si como um túmulo. Além da agressão sofrida o ressentido perpetua a presença do agressor por anos dentro de si.
Com isso o ressentido recusa viver plenamente.
Para começar a perdoar precisa se desapegar desse poder secreto que o ressentimento provoca!
Seguirei falando mais sobre o assunto!

Um comentário:

  1. Muito interessante, indentifiquei-me muito neste artigo. As vezes magoo-me com facilidade e sinto prazer em cobrar a outra pessoa, as vezes permaneço na posição de vítima, coitado apenas para a pessoa perceber que "me feriu", percebo qeu as vezes eu poderia sair "dessa" com facilidade, ficar bem... mas se eu ficar bem perderia a "graça" e não teria o mesmo efeito com a pessoa...

    Que interessante, obrigado FRED por dividir sua experiência conosco, vou repensar minha atitude. Gostei de ter percebido isso.

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