sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Novela das 8 entre pais e filhos

Há filhos que não vivem sem os pais. É até compreensível, foram criadas desde pequenas por aqueles gigantes cheios de amor, bondade e conhecimento.
Mas estranhamente e bem freqüente são os casos de pais que dependem emocionalmente dos filhos.
É estranho porque, em tese, os pais existiam antes dos filhos muito bem, obrigado.
Mas talvez faltasse algo e uma esperança doentia foi projetada sobre aquele pequeno bebê.
Toda a sombra de fracasso, abandono, rejeição vivida na vida pelos pais é projetada e compensada na relação com os filhos.
“Eu amo minha mãe, mas ela me sufoca. E tenho medo de falar isso e ela ficar magoada. Mas quero ter minhas próprias amigas. Minha mãe quer ser minha amiga exclusiva. Parece que eu virei sua novela diária. Se não falo como foi meu dia ela não se alegra, mas quando conto algo sobre mim eu ouço uma chuva de comentários. Na maioria criticando o que fiz. O resultado final é que me sento insegura e preciso sempre ouvir as opiniões dela”, declarou uma moça de vinte anos para mim.
Muitos pais acabam projetando nos seus filhos seus medos, inseguranças e desejos. Carl Jung já percebia que as sombras não resolvidas dos pais podiam pesar nos ombros dos filhos.
Mas como os pais tem o pretexto de educar os filhos essa manipulação psicológica fica acobertada pela nobre tarefa educativa.
“Ela sempre fala que é par ao meu bem” – fala a mesma garota - “mas no fundo eu sinto uma coisa ruim, até uma inveja dela. Fico triste quando percebo isso!”
Esse cenário é muito comum mãe invejando suas filhas mulheres. No caso com filhos homens as mãe usam da estratégia de dar a ele tudo o que ele quer. Essa mordomia prende o garoto ao lado da mãe por anos à fio.
Normalmente os pais enviam seus filhos para terapia alegando que eles são muito inseguros, tímidos e indecisos. Mal sabem que criaram filhos presos para os seus próprios desejos.
Somente quando os pais podem olhar para suas carências alguma solução real é possível. Caso contrário os filhos podem se sentir dia-a-dia como alvo de mutilações psicológicas.


"Vossos filhos não são vossos filhos, são os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós. E embora vivam convosco, não vos pertencem. (...)

Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não podem fazê-los como vós, Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados. Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas(...) "
Poeta árabe Gibran Kahlil Gibran – em O Profeta

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