quarta-feira, 4 de maio de 2011

Osama Bin Laden, o inimigo e a hipocrisia

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A morte de nossa boa e velha hipocrisia

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Recebida a notícia da morte do terrorista Osama Bin Laden, líder da Al Qaeda, pensei comigo: isso vai feder, mais ainda!

Em seguida vejo uma comemoração de norte-americanos, pensei: "povo estranho, morre o cara e eles comemoram como se isso fosse motivo de felicidade."

Não sou a favor de violência, terrorismo e nem nada disso. Mas comemorar a morte de um homem, seja ele qual for, denota nossa profunda infantilidade diante da vida humana.

Por um simples fato: dependendo do lado do time que você está talvez mereça morrer ou não.

Merecer morrer?


Ouvi isso numa entrevista de um cidadão americano: “ele mereceu pagar pelo que fez!”

Acho incrível como temos a habilidade de justificar qualquer sentimento por causa de nosso favoritismo. Basta ver alguns divórcios, pois o casal é capaz de sacrificar o bem-estar dos filhos em nome de sua rivalidade. Antes da separação seriam capazes de matar um pelo outro, após a separação são capazes de matar um ao outro.

Eles mudaram de time, simples. No meu time ele é amigo, se me fere ele vira meu inimigo.

Eu raramente confio em alguém que diz que é capaz de se vingar de alguém, pois essa arma pode ser virada contra mim caso se crie uma boa justificativa para isso.

A mentalidade das pessoas sempre funciona pela lógica do oponente. É preciso ter um inimigo ao qual combater, seja ele real, imaginário, presente ou ausente.

A raiva e a mágoa mantêm as pessoas “vivas” e longe da depressão. Quando assumem uma postura violenta ficam firmes, sem lágrimas e o real sentimento de dor.

Resolve alguma coisa? Nada, absolutamente nada. Pelo contrário, somam-se novos desgostos.

A pessoa raivosa está fechada num jogo sem fim de mocinho e bandido. Os bandidos mudam, mas a perseguição permanece.

Na realidade, as pessoas temem se deparar com sua sombra. E por essa razão adoram encontrar sogras, cunhados, chefes, governos, e Bin Ladens para personificar esse inimigo interno.

Aquela faceta da personalidade que rejeitamos, repudiamos e reprimimos ganha um colorido quando avançamos com raiva sobre outra pessoa.

Combatemos o que habita lá fora e esquecemos aquela porção egoísta, invejosa e violenta que paira em nós.

Que morte comemoramos quando Bin Laden se vai? Certamente não é a morte de nossa boa e velha hipocrisia vestida de patriotismo e preocupação humanitária...

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