Ela enfrenta desconcertada seus julgadores-salvadores e se dispõe a cantar. Para realizar um desejo juvenil buscou um show britânico para novos talentos. Diante de sua aparência a platéia incrédula pensa: “mais um fiasco!”, ainda mais “e nós vamos rir disso!”. Essa piada anunciada e com riso garantido é interrompida ao som potente da mulher virgem que mora em um vilarejo da Inglaterra.
Por que não resistimos ao impacto de sua voz?
Porque Susan Boyle representa uma sombra que a maior parte das pessoas recusa ver: da pessoa que acredita mesmo ser ter certeza do resultado.
O que nos dá prazer ao assistir esses programas de novos talentos é o impulso maldoso de ver pessoas anônimas sendo humilhadas. Quando alguém começa a cantar e se mostra bizarra, sem voz e até ridícula uma voz dispara na sua cabeça “ainda bem que não sou eu lá”. E imediatamente vem um alívio em forma de risada.
Assistimos tranqüilamente alguém ser jogado aos leões e vibramos junto com Simon e suas críticas duras aos candidatos. Nos sentimos poderosos ao ver Simon julgar aquelas pessoas ao expulsar cada uma do seu paraíso.
No entanto, é essa mesma arrogância (secreta) que prejudica o seu caminho numa entrevista de emprego. Você carrega dentro de si uma confiança frágil na esperança de ser escolhido para a vaga. Mas, basta chegar o dia da entrevista para sentir dor de barriga e um medo paralisante seguida de um enxurrada de pensamentos negativos: “Você não vai conseguir”, “quem vai querer um empregado que nem você?”, “o que você pode oferecer para essa empresa?”.
É a parte secreta de você mesmo sendo o carrasco da sua vida.
Na hora da paquera, o pretendente nem precisa demonstrar uma recusa. Você mesma desiste antes do flerte. “Quem vai querer uma pessoa como você?”, “Ele deve ter mulheres bem mais interessantes que eu”, “Eu sou uma fracassada mesmo!”. Se você precisava de um inimigo, já arranjou, está dentro de você.
O que isso tem a ver com Susan Boyle?
Na hora que ela é bem avaliada a nossa parte cética e arrogante tem que engolir a seco e perceber que nem todas as portas estão fechadas.
Não estão fechadas se ao menos você não tentar.
Aquela parte de nossa personalidade cheia de vida, esperança e sucesso que deixamos enterrada no fundo da alma encontra em Susan Boyle um espaço para vir à luz.
Pensamos “será que eu também não consigo?”, “alguém poderia valorizar o meu talento?”, “sei que consigo se realmente tentar”.
Sombra também é aquilo que tenho de bom e não uso. No caso Susan Boyle vemos a nossa sombra de sucesso ser despertada: “se ela pode eu também posso!”
Por isso a imagem de Susan marcou você e pessoas de todo o mundo!
Se você for além das críticas do Arrogante Interno e seguir em frente pode conquistar muitas coisas. Respeite o direito do Arrogante Interno tentar te proteger do fracasso, mas diga a ele “ok, já ouvi você, e tomarei cuidado, mas agora quero ouvir a minha parte que tem muita luz e sucesso”.
As duas partes podem até dar as mãos para você e ficarem surpresas com seu bom desempenho. Você pode surpreender seu julgador interno, assim como os jurados ficaram pasmos diante de Srta. Boyle.
Você pode!
Nenhum comentário:
Postar um comentário