segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Geyse e Uniban

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Pois quando apedrejamos moralmente
Geyse (...)estamos renegando
o nosso próprio exibicionismo,
desejo e sensualidade.
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No livro de auto ajuda e psicologia "Por que fazemos o mal?" comento sobre a 3a lei da sombra que se intitula
"A sombra pode ser projetada no outro"

"Um dos mecanismos que utilizamos para fugir das sombras é projetá-la nos outros.
É como se houvesse uma novela diante dos olhos. Você fica bravo com o bandido e feliz quando o mocinho vence. No entanto, essa novela se passa em sua cabeça.
A dificuldade de olhar para as imperfeições (e cada um cria a sua) faz com que você olhe esse espetáculo de uma platéia onde tudo é confortável.
Toda vez que você fofoca sobre o azar do vizinho ou do colega de trabalho está na verdade falando de si mesmo.
Você pode passar uma vida inteira vendo a sua sombra (e chance de evolução) rondar seus passos e fingir que o problema está nos outros.
Talvez agora esteja se perguntando, então, tudo o que me incomoda nos outros é minha sombra?
A resposta é sim e não. Sim, pois se isso te incomoda e afeta descontroladamente é sombra."


O acontecimento envolvendo a estudante da Uniban trata de um fato psicológico que se tornou um problema de ordem social.
Esse texto não é uma análise político-social sobre quem tem razão, é apenas uma análise psicológica.
A idéia de que uma mulher provoque a libido e raiva nos outros é contraditória.
De um lado os homens adoram esse comportamento provocativo nas mulheres, no entanto recriminam essa atitude como se fosse de uma vagabunda.
O homem ama e odeia as mulheres que provocam seus desejos. Desejam e se intimidam com esse tipo de ousadia. Só a eles e autorizado o comportamento ativo na conquista sexual.
No caso das mulheres também causa ambiguidade. De um lado elas desejam atrair fisicamente o olhar dos homens, no entanto, não querem ser só vistar como corpo. E da mesma forma com que provocam os homens não gostam de outras mulheres que fazem o mesmo. Consideram a si mesmas como sedutoras discretas e meigas e classificam as rivais como vadias vulgares.
É estranho como lidamos com esse tipo de situação.
Pois quando apedrejamos moralmente Geyse ou qualquer mocinha voluptuosa da vizinhança estamos renegando o nosso próprio exibicionismo, desejo e sensualidade.
Na verdade ainda temos receio de nossos impulsos. Não gostamos de ver a sensualidade escancarada à céu aberto e acabamos condenando uma pessoa que nos lembre que o desejo é real.
Somos seres sexuais, além de intelectuais.
Colocar uma hierarquia nessas dimensões seria como dizer que a audição é mais importante que a visão e vice-versa.
É curioso também perceber como sob determinadas circunstâncias podemos fazer o mal. Agir junto com uma turba de alunos descontrolados com ameaças físicas e verbais contra uma pessoa.
Justificados por receber uma agressão de um tipo de roupa dita inadequada ou um comportamento dito exageradamente provocativo (do alto da boa moral e dos bons costumes) agiram de uma maneira desproporcionalmente violenta contra uma pessoa.
Pessoas ditas boas e justas podem ser tão impiedosas quanto aquelas que condenam.
Talvez a história de Geyse nos ajude a perceber o quanto ainda guardamos sérias condenações no que se refere à sexualidade, a como a exibimos e como somos vistos pelos outros.
Bela sombra!

2 comentários:

  1. Sempre me achei, calada, tímida, até gaguejava, qd tinha que falar em público.
    Sempre admirava, minhas colegas, descontraídas e
    barulhentas com sua jovialidade.
    Isso me irritava, não ficava muito a vontade não.
    O tempo foi passando, não houve melhora, não somente mais segurança.nakilo que + gostava de fazer.
    Hoje me vejo, 55 anos,com faculdade para lecionar, ( não gosto ), trabalho em outra área ( saúde )que sempre gostei, porém de 02 anos pra cá, por mudança de setor continuo ganhando pouco,e pior ainda meu cargo foi extinto,a especialização (saúde,está quase extinta. Me vejo sem horizontes, abro a janela
    para análise, enão consigo ver um caminho, a baixo estima, que sempre tive,querem se apoderar de meu ser, aliada a minha insegurança que só aumentou neste emprego .
    Tem horas que meapavoro, e aí vem apergunta a mim mesma : Que projeto eu fiz e pensei para mim ??? beijo no coração Anônimo

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  2. Seu depoimento é valioso, pois você relata como começou a superar suas sombras.
    Aquilo que você mais admira numa pessoa pode ser um potencial adormecido em você.
    Observe com mais atenção e verá que já conseguiu superar uma série de obstáculos na sua vida.
    Beijos

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