Ex-blog sobre o livro "Por que fazemos o mal". Atual mosaico de idéias sobre relacionamentos amorosos e filosofia de vida!
sábado, 11 de dezembro de 2010
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Por que o Capitão Nascimento virou nosso herói nacional?
Cheguei a algumas conclusões interessantes.
Primeiro, o raciocínio mais óbvio e clássico é: porque o Capitão Nascimento personifica a imagem do homem que não se corrompe por nada e que luta, ainda que sob pena de perder algo de si mesmo, contra a injustiça e impunidade. Mesmo usando métodos pouco ortodoxos e que seriam repreendidos em outro contexto. Ele fere a regra e a moral para lutar por princípios que o brasileiro considera pouco eficientes no cenário brasileiro, excesso de burocracia e impunidade legal. Com um tiro ou com uma denúncia ele desbanca o bandido da rua ou de colarinho branco.
Mas essa análise já está bem colocada por todos os lugares. Pessoalmente, essa comoção emocional também me cativou e saí pego em meus pensamentos do cinema. Ele também virou meu herói por muitos dias. Porém, quero seguir um pouco mais adiante com o raciocínio.
No consultório psicológico, percebo que o que mais aflige as pessoas, principalmente em nossos tempos pós-modernos, é que já não há nenhuma estrutura institucional e social (como a família, a igreja e o estado) que determine de maneira totalitária, absoluta e inquestionável os parâmetros que precisamos seguir. Não podemos dizer que uma só forma de pensamento religioso, partidário ou regra familiar define nossas ações com garantia total.
Frases como “o que meu pai fala eu faço, porque ai de mim se não fizer!” ou “o padre falou no sermão de domingo, então é bom seguir, pois Deus está olhando tudo” já não fazem mais parte do imaginário cotidiano. Ser tradicional e conservador é motivo de vergonha. E confesso, que nesses moldes antigos e rígidos, devem ser deixados de lado mesmo.
Mas o excesso de liberdade e opções que podemos seguir hoje (mudar de carreira, marido, país, religião) trouxe um benefício que, em nossa imaturidade emocional, causou um colapso cotidiano. NÃO SABEMOS LIDAR COM A LIBERDADE. Por que a liberdade necessariamente vem acompanhada de assumir a responsabilidade das conseqüências de cada ato. Sou livre, ótimo, grande coisa, mas a cada ação livre fico imediatamente preso em cada conseqüência dela. A liberdade me confronta comigo mesmo. Quanto mais livre, mais dono de minha ações sou e, portanto, não tenho mais como culpar meu pai, o padre ou o prefeito por nada na minha vida.
Se você machuca alguém que ama, leva um dinheiro por baixo da mesa, pula cerca, abandona seus pais idosos, agride e negligencia seus filhos, prioriza acumular bens e abrir mão de princípios de vida, enfim, toda sorte de pequenos “delitos” cotidianos, é a você e só a você mesmo que cabem as conseqüências.
Não foi o padre que pulou a sua cerca, o presidente que humilhou seus filhos ou seu pai que aceitou propina, foi você.
O artista da novela que bate na esposa, não diminui o fato de que você trata sua esposa como se fosse uma coisa ou seu marido como se fosse um imprestável. É você que faz isso, ainda que o artista faça.
Meu segundo argumento, portanto, é que o Capitão Nascimento com sua determinação e idealismo moral suspende (teoricamente) a nossa sensação de ambigüidade emocional. Aquela idéia de que não faço aquilo que sinto ou penso, de que sou incoerente, cai por terra com o líder fictício do Bope. Sou apenas um homem que deseja à justiça custe o que custar.
Na realidade somos bem diferentes. O cara ama a esposa, mas transa com a secretária. Ela ama o marido, mas prefere comprar uma jóia. Ele prega espírito de equipe, mas suga o sangue dos funcionários até onde pode. Ela prega moral, mas adora falar mal de todo mundo como se fossem a escória da humanidade.
SOMOS CONTRADITÓRIOS POR NATUREZA. Somo esquisitos, pendemos para os dois lados e agimos de forma ambivalente a todo o momento. Para onde pender nosso prazer, desejo de satisfação imediata e necessidade de se sobrepor aos outros ali estará nossa ação, ainda que seja contrária ao que falamos no minuto anterior.
“Fred, você está dizendo que nos vendemos fácil e que não devemos acreditar em ninguém?” Com certeza é essa a frase que vou ouvir de alguns, e já respondo. Sim, nos vendemos fácil, concordando ou não com isso. Basta um pouco de dor de um lado e um pouco de prazer à curto prazo de outro que descambamos para o prazer à curto prazo. E se suportamos a dor de um lado é só para nos sentir moralmente superiores aos outros, ou seja, apelamos ao desejo de poder e superioridade moral, invisível, mas igualmente saboroso. O sujeito não comete erros, não porque seja o correto, mas só para se vangloriar que não erra e assim continuar falando mal do vizinho. Podre do mesmo jeito.
Queremos banir a hipocrisia e a falsidade de perto de nós, mas somos profundamente hipócritas no cotidiano. E confiar ou não nos outros é sempre um risco que decidimos correr ou não, dependendo do que desejamos para nossa vida.
O psicólogo, como o padre de antigamente, ouve confissões inimagináveis. Ouço pessoas que são vistas pelo público como irrepreensíveis confessarem grandes “fraquezas” no consultório. Eu pessoalmente acho de uma coragem e força essa confissão, apoio a pessoa que quer olhar pra si mesma com honestidade absoluta. É doloroso olhar para si mesmo com esse grau de detalhe. Assumir que é incoerente (que aquilo que prego não é aquilo que falo) soa pra mim como uma das atitudes mais honrosas de uma pessoa.
Por fim, o terceiro ponto é, que o Capitão Nascimento, representa aquilo que gostaríamos de ser, mas não somos: coerentes. Mesmo quando ele mata, ele é coerente com uma meia dúzia de valores (não estou questionando ou concordando com a validade ou moralidade disso) que traz dentro de si. Ele quer acabar com o crime de rua, portanto, mata o agente do crime, o bandido. Quer encontrar um bandido perigoso, portanto, tortura outro bandido informante. Ele quer denunciar a corrupção de um sistema, portanto, delata os nomes e datas dos autores sob pena de ser expulso da corporação. Ele é coerente dentro da lógica dele.
Ao passo que nós, somos bem incoerentes, pregamos o amor e fazemos uma guerra dentro de casa, desejamos a humildade, mas nossa opinião sempre tem que fechar o assunto.
“Mas Fred, afinal devemos ser coerentes ou incoerentes?”
Não tenho a resposta pra isso, pois isso seria me colocar como juiz de um dilema universal e antigo. Mas gostaria com esse texto dizer que, dentro de nós habita uma série de estrelas que norteiam nossos caminhos morais, mas também habita uma bússola quebrada que busca satisfação dos mais suculentos de nossos desejos imediatos.
E que ser humano e maduro, é acima de tudo, assumir que desejamos a paz, mas nem tanto, queremos o amor, mas com moderação, a fidelidade é correta, mas com questionamentos. Que haja um caminho que desejo seguir sem deixar de admitir que também gosto de atalhos escusos. Que quero ser bom, mas nem sempre. Enfim, que é bem provável que o mundo encantado, sem a presença do mal, seja um conto de fadas impossível, e que afinal de contas, sou o lobo mau, a chapeuzinho e a vovózinha coabitando no mesmo corpo.
E só considerando que a presença do mal está bem próxima de mim e em mim que posso ser realmente humano...
Diante disso, enfrente a realidade ou PEDE PRA SAIR!
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Presente de aniversário!
sábado, 16 de outubro de 2010
Os últimos passos de um homem
______________________________
Todos têm um lago de dor dentro de si
______________________________
Acabei de ver pela centésima vez o filme "Os últimos passos de um homem" com as interpretações magistrais de Sean Penn e de Susan Sarandon. Esse filme sempre me toca. Acho que é um filme que retrata de maneira brilhante o verdadeiro confronto com a sombra.
A sombra, dito de outra forma, é a verdade sobre nós que omitimos de nós mesmos e do mundo que nos cerca.
Esse filme retrata a trajetória de redenção de um homem que foi condenado a morte por ser acusado do assassinato de um jovem casal de namorados e o estupro da jovem. Mathew Poncelet (personagem de Sean), jovem perturbado pela ignorância, prepotência e busca de prazer a qualquer custo se confrontado com suas próprias ações destrutivas. Culpa o estado, as pessoas, seu parceiro de crime menos a si mesmo.
Entra na história a personagem de Sarandon a freira Helen que percorre junto com Poncelet uma caminhada de confronto com uma verdade dolorosa. O objetivo inicial dela é fazer com que aquele condenado a morte possa se redimir de seus pecados, como manda a tradição católica.
Quando assume o posto de conselheira espiritual de Poncelet, Helen se vê diante de muito mais dramas que imaginava a início: a dor e ódio dos pais das vítimas, a pressão do governo em relação a pena de morte, a indignação das pessoas frente sua defesa de Poncelet, e a comoçao de toda uma comunidade ressentida com um crime hediondo.
Helen está diante de um embate social, psicológico, religioso e político, mas nenhum se compara com o dilema espiritual que ela enfrenta: como ajudar um homem a obter perdão depois que cometeu um ato de perversidade inimaginável?
Essa questão é profundamente tocante para mim. Pois todos nós carregamos uma parte perversa, outra vitimizada e ainda outra profundamente lúcida e cheia de compaixão.
O filme transcorre num esforço de grande amor por parte de Helen em ajudar um homem a sair da posição de vítima das circunstâncias e confrontar-se com seus atos terríveis a fim de alcançar toda a compaixão por si mesmo, ainda que esmagado pelo peso moral de seu crime.
Todos nós, em algum momento da vida, somos levados a encarar nossas próprias atitudes vis. Perceber que nem todos os nossos gestos são motivados por amor, carinho, respeito e justiça.
Que podemos ser bem cruéis com as pessoas que mais amamos. E que além de autores de dramas sem fim, também saímos chamuscados desses conflitos.
Todos carregam consigo suas cicatrizes. A pessoa que se recusa a olhar para suas marcas torna-se fraca e inexpressiva, e a pessoa que se nega a perceber as feridas que provoca nos outros caminha sem consistência anímica.
Passar pela vida sem marcar ou ser marcado por alguém é uma tentativa ingênua e inócua de viver como uma criança, com uma pureza impotente. São nossas marcas e cicatrizes que nos tornam o que somos. Cada vinco de nosso rosto manifesta os risos e choros que tivemos ao longo do percurso.
Todos têm um lago de dor dentro de si e é importante que não tentemos secar esse lago, sob pena de ter uma vida sem movimento. As cicatrizes também nos pertencem na forma de aprendizado, saudade e superação. Evitar que nunca machuquemos ou sejamos machucados seria escolher por uma vida onde as águas calmas nos deixariam paralisados...
Para um homem enfrentar seus "últimos passos" em direção a morte inevitável é preciso conviver com os cacos daqueles que amamos e odiamos na vida... É essencial suportar os cacos que carregamos de nós mesmos...
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
COMER, REZAR E AMAR
Quem sabe encontra aquilo
terça-feira, 12 de outubro de 2010
A dor do amor
Se insistem para que eu diga por que o amava,
sinto que isso só pode exprimir-se respondendo:
"porque era ele, porque era eu"
Michel de Montaigne
_______________________________________________
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Recados
O primeiro é que me desliguei do meu querido Instituto Evoluir como profissional e agora estou com consultório em outro lugar...
O endereço é Rua Paulistania número 637, próximo ao metrô Vila Madalena.
Para quem quiser mais informações é só enviar para o e-mail fasom1@yahoo.com.br
O segundo é que meu formspring.me está virando um espaço divertido para você fazer suas perguntas sobre tudo o que quiser saber...
Entre, se divirta e se instrua!
http://www.formspring.me/fredericomattos
Um abraço a todos e continuem acompanhando o blog (sei que está meio paradinho, mas são muitas mudanças né?)
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Segunda vez
Há coisas na vida que simplesmente não se repetem, portanto há que se deixar entregar sem dó e nem medo...
Você nunca mais terá dois aniversários de 23 anos
Nunca mais terá um segundo primeiro beijo
Nunca mais terá um segundo primeiro amigo de infância
Nunca mais terá um segundo natal na casa da vó com 7 anos de idade
Nunca mais terá um segundo primeiro medo de fantasma na casa vazia
Nunca mais terá uma segunda primeira desilusão amorosa
Nunca mais terá um segundo abraço de consolo num dia de inverno
Nunca mais terá uma segunda chance de se despedir de alguém que partiu
Nunca mais terá um segundo primeiro filho
Nunca mais terá um segundo primeiro carro usado
Nunca mais terá um segundo frio na barriga pelo primeiro emprego
Nunca mais terá um segundo soluço de rir de nada importante
Nunca mais terá um segundo adeus sentido da mãe que sai para trabalhar
Nunca mais terá um segundo comichão por causa de carrapato no meio do campo
Nunca mais terá uma segunda queda desprevinida em agua de riacho gelada
Nunca mais terá um segundo momento para pensar que é a primeira coisa daquilo que está fazendo
E se parar para pensar nada é a segunda vez... Tudo é a primeira e única.
Não deixe que seus olhos se acostumem e seu coração se anestesie diante de toda primeira vez na vida que é definitivamente a primeira a todo o momento...
Não guarde felicidade para amanhã, pois ela não se submete a nenhuma poupança espiritual...
Felicidade só existe aqui e agora...
terça-feira, 25 de maio de 2010
Feliz aniversário
sábado, 15 de maio de 2010
A busca da perfeição e o canto das sereias
É pagar um preço alto
para se viver infeliz
_________________________________
Hoje em dia somos confrontados com uma busca constante pela perfeição. A mídia refletindo uma ânsia coletiva e ideal cria uma demanda incomparávelpor excelência profissional, ética, corporal, intelectual, financeira e outras.
O desejo de perfeição que sempre foi humano, na atualidade, assume ares desumanos. A busca pelo corpo e a saúde perfeitas com numa briga constante conduzem pessoas a tratamentos e procedimentos médicos exagerados.
Na clínica me deparo com pessoas de todos os tipos, algumas mais e outras menos bem-sucedidas e, no entanto, quase todas insatisfeitas.
O que levaria uma pessoa bonita, com dinheiro, status e prestígio social sentir-se infeliz mesmo com tudo o que tem?
Certamente é o nível de expectativa que nutre em relação à vida.
Se a perfeição é a meta, a insatisfação crônica é o resultado.
Muitas pessoas dizem "busco a perfeição, apesar de saber que ela é inatingível"
Isso me faz lembrar a lenda do herói grego Ulisses na Odisséia, quando retorna para casa depois da Guerra de Tróia após dez anos de luta.
Entre tantos inimigos e criaturas que ele precisa enfrentar, além da fúria dos deuses, uma em especial me chamou a atenção.
Ele foi avisado que perto da Ilha de Capri enfrentaria o canto das sereias. Mulheres muito bonitas tentariam, com seu canto, atrair os marinheiros para o fundo do mar a fim de devorá-los.
Ulisses tomou uma sábia decisão, pediu que o amarrassem ao mastro do navio para que resistisse à tentação de ir ao encontro delas. Quanto aos marinheiros, colocou cera em seus ouvidos para que não ouvissem o canto das doces e terríveis criaturas do mar.
Alguns aceitaram e sobreviveram, outros se recusaram e foram engolidos pela sua prepotência.
Penso que a busca da perfeição é como o canto das sereias. Mulheres lindas e apetitosas que se revelam incapacitadas de oferecer o gozo que os marinheiros procuram, ou seja, inalcançável.
A ilusão de que poderiam dar prazer ilimitado é substituida por morte por afogamento ou devoramento.
A busca da perfeição nos conduz ao mesmo. Quantas vezes nos atiramos numa busca fantástica por um comportamento exemplar, não-humano e inatingível e nos devoramos por dentro com autoacusações de incompetência?
Ulisses passa pela tentação mais dolorosa, pois se permite experimentar o canto, vislumbra o paraíso de perto, mas resiste. Ele procura se fixar no princípio de realidade e saber que aquela promessa de prazer ilimitado é uma doce ilusão.
Estamos em nossa odisséia como Ulisses, seremos tentados por exigências internas de deleites sem fim. Oras estaremos amarrados à realidade, oras surdos pelas ceras da negação. Também podemos sucumbir ao poder dos deuses e ser devorados.
Mas buscar o inatingível é pagar um preço alto para se viver infeliz com aquilo que não é, por que não é possível que seja.
A cura dessa maldição é estar firme no mastro de aceitar o que é como é. Aceitar a nossa condição humana que busca a transformação e abdica da perfeição, que não existe... Pois é a ausência de movimento, antítese da própria vida que se movimenta sempre!
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Liberdade
Está condenado a ser livre e
assumir as conseqüências para si
________________________________
Eu ouço com muita frequencia as pessoas que eu atendo dizerem que não vivem sem sua liberdade...
Eu me pergunto nessas horas, o que essa pessoa realmente está querendo dizer com liberdade?
A imagem q vêm à mente é da pessoa numa moto com cabelo ao vento...
Liberdade enquanto busca de aventura... Essa é a imagem comum...
Não compartilho dessa visão de liberdade.
A liberdade é antes de tudo uma condição humana intransferível.
É a condição para que tudo se manifeste nesse espaço desconhecido da existência humana. É poder escolher entre muitos caminhos...
Portanto se alguém diz “eu não quero isso” antes é preciso que perceba se consegue ou pode fazer isso. Pois dizer que não quer só é possível diante da possibilidade de escolha. “Escolho estar sozinha!”, ouço muito isso no consultório. Rebato dizendo, se quisesse ser diferente conseguiria? O silêncio responde negativamente, então replico, não é uma escolha livre, é uma condição da qual você não consegue ou quer se libertar. Você está presa na sua falta escolha livre, portanto, não livre.
Para ter uma livre escolha é preciso também ter clareza do que se escolhe e do que se quer. Sem isso é improvável que a escolha seja realmente livre de determinantes sociais e entulhos psicológicos infantis.
A vontade humana que define o que escolhemos também assume uma multiplicidade de caminhos que nem sempre estão postos de maneira simples. Portanto, nossa vontade não é livre...
Diante dessa posição da idéia de liberdade vivemos um paradoxo. Somos incondicionalmente livres numa inconsciência e inabilidade de nossa liberdade.
Isso provoca angústia, pois está condenado a ser livre e assumir as conseqüências para si de suas atitudes. Sem autonomia e responsabilidade a liberdade nada mais é que um espaço psíquico de movimentação sem sentido na vida.
Pode-se passar uma vida inteira atribuindo a culpa de todos os problemas aos outros, mas até para isso teremos que admitir que escolhemos não escolher...
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Fácil amar, difícil ser amado
Em torno da dor criamos barreiras e
E durante anos esse assunto me intrigou "por que presamos quem nos despreza e desprezamos quem nos presa".
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Conseguir e Querer
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Sexta-feira da paixão
Dizem que Cristo morreu na cruz por nós...
Será que o sofrimento dele nos ensinou algo de fato?
Jesus, o homem, viveu a existência mais encantadora que ele poderia ter vivido.
Dedicou seus últimos anos para viver intensamente, participou de casamentos, almoços, momentos de oração, encontros com pessoas de todos os tipos. Ele conviveu sem problemas com criminosos, prostitutas, milionários, mendigos, reis e moribundos.
Jesus estava disposto a conhecer quem aparecesse no seu caminho, por que não tinha medo de se entregar à vida.
Ele dava a chance de ter bons amigos ao seu lado, sua forma de enxergar o mundo é tão impressionante que não havia ninguém que conseguisse passar por ele sem ser tocado.
O grande milagre de Jesus era caminhar pela Judéia como uma estrela cadente, pois se você tivesse fé no seu desejo, ele se realizaria.
Jesus acreditava em seus próprios desejos, sabia que Deus habitava o seu interior.
Para falar com Deus ele não ajoelhava, apenas consultava seu coração, pois ali estaria o seu tesouro.
Jesus nunca desistiu dos seus objetivos porque não tinha pretensões. Sabia do medo que habita o coração humano, pois de tão humano que era chorou quando Lázaro morreu, sorriu no casamento de Canaã, brincou com as crianças de Betsaida e se banhou alegre no rio Jordão.
Apenas convidava cada um que passava “venha! me siga, não tenha medo do pecado, eles serão perdoados!”
Sua presença de espírito era tão poderosa que multidões se alimentavam de suas palavras como se tivessem nos lábios o pão e o peixe.
Mas no fundo era simples, desde andar descalço nas areias de Jerusalém, até lavar os pés dos amigos íntimos ou freqüentar palácios de reis.
Sua mensagem era sua vida, o amor possível do dia-a-dia, aquele do abraço, do beijo e do incentivo.
A crucificação, portanto, foi só mais um dia de sua vida. Jesus morreu por si mesmo e por isso mesmo nos ensinou a viver nossa própria história com amor ao próximo e fé no fluxo da vida. Do primeiro ao último de nossos dias...
quarta-feira, 24 de março de 2010
Isabella, Nardoni e Madrasta
sexta-feira, 12 de março de 2010
Vida e morte
quarta-feira, 10 de março de 2010
Você é transparente?
_________________________
Seu profundo medo de ser
ferido emocionalmente
_________________________
Hoje em dia há uma mania de algumas pessoas afirmarem "eu sou transparente, sincero e espontâneo, quem quiser me aguentar que já saiba que eu sou assim! Eu falo o que tiver que falar para quem quiser! Falo na cara!"
Acho estranho isso... Realmente acho...
Tenho até um pouco de dó das pessoas que falam isso... Ou compaixão, sei lá!
Mas quando eu ouço isso eu leio nas entrelinhas "já fui tão machucado pelos outros, estou com medo de não ser amado e por isso eu ataco antes de que alguém me faça algum mal!"
É uma realidade triste que vive esse tipo de pessoa, está sempre desconfiado, tenso e na defensiva. É um desgaste sem tamanho para conseguir imprimir uma personalidade aparentemente espontânea e forte.
Curiosamente ela associa espontaneidade com agressividade, pois o jeito sincero é aquele que só é capaz de falar verdades duras. Na sua maioria, verdades cruéis.
A pretexto de transparência algumas pessoas se tornam sincerocidas, matam o outro com tanta sinceridade. Acreditam (sem perceber) que a unica coisa espontânea que pode sair dela são palavras duras. Como se carregassem uma coisa ruim dentro dela.
É difícil ver essas pessoas dizerem que amam, sentem falta e estão frágeis. Se fossem transparentes esses sentimentos também viriam à tona.
A dificuldade de mostrar sua vulnerabilidade denuncia seu profundo medo de ser ferido emocionalmente. Adotam uma postura na vida que chamamos de contra-fóbica, de tanto medo que tem adotam uma postura extremamente oposta.
O medo de ser rejeitado é tanto que a pessoa escancara seu jeito bélico de ser, na dentro está encolhida morrendo de medo de ser criticada. E se caso for criticada já tem uma contra-crítica na ponta da língua "eu não preciso de você pra nada, você não paga minhas contas, então pouco me importa sua opinião!". Mentira, tudo mentira, pois ela rebate o golpe só para não sentir a dor de ter sido repudiada.
É como se dissessem "sou podre por dentro, ninguém gosta de mim, sendo assim você vai se atrever a gostar de mim?". É como se impusessem uma bateria de testes para que os outros provem que a amam. Após inúmeras "provas de amor" aceitam o candidato.
A pena é que esses candidatos a amigos são sempre pessoas de personalidade frágil, dependente e com uma autoestima no pé. Por essa razão se escondem debaixo do guarda-chuva tempestivo da pessoa "sincera". Melhor ser amigo do que inimigo, elas pensam. Acabarão sendo um penico ao ouvir as verdades duras da boca do sincero, que sempre falará com ar de "estou falando para o seu bem, para você crescer e parar de ser pacato, você tem que se posicionar mais!".
Se os amigos do sincero fossem se posicionar diriam "você é grosseiro, cruel, sarcástico e já me fez chorar muitas vezes, nem sei porque gosto de você, acho que porque eu não tenho um pingo de amor próprio, pois se tivesse eu mandaria você para a p. que o pariu! Quando você vai perceber isso, se tratar e demonstrar carinho sem ser alternado com pancada?"
Você teria orgulho de dizer daqui pra frente que é sincero e transparente?
quinta-feira, 4 de março de 2010
A maior sombra: o eu
______________________________
Caminha na terra com a mesma
condição de mortalidade dos demais
______________________________
Qual a maior sombra da humanidade?
O desejo de poder. Certamente essa é a maior sombra que todos carregamos e que está fundada numa base simples e comum a humanidade: o sentimento do EU.
É fundamental o sentimento de termos um EU que pensa, age, vive e tem alguma lógica coerente. A capacidade de sentir que eu sou um EU me ajuda a governar meus passos.
No entanto, associado à esse sentimento há outros que marcam o exagero dessa idéia de EU: o exclusivismo e privilégio.
Chamarei esse trio de EU, exclusivismo e privilégio de “EUlândia”. Vivemos nesse parque de diversões desde pequenos. Somos exclusivos da nossa mãe, alimentados, cuidados e acariciados como se fôssemos únicos. Com o tempo descobrimos amargamente que somos mais uma entre várias fontes de satisfação para a mãe. Mas guardamos esse sentimento de nostalgia. Queremos ser exclusivos para tudo e todos, não toleramos dividir atenção e amor.
O privilégio segue na mesma lógica, pois como somos exclusivos precisamos ser prioridade. Basta ver o trânsito paulistano, cada motorista acredita que só ele precisa chegar mais rápido no seu destino. Por isso age como se tivesse preferência em relação aos outros. Quando algo ruim acontece na vida de alguém ela se pergunta “por que eu?”, oras, por que não ela?
Os moradores da “EUlândia” não conseguem ter uma empatia sincera, de realmente se colocar no lugar dos outros. Perdem a noção de que não são os atores principais do filme cósmico. Agem como se estivessem interpretando a saga de suas vidas exclusivas e privilegiadas e que os demais são meros coadjuvantes e figurantes. Peças no seu tabuleiro que podem ser colocadas e retiradas quando quiser.
Todo o sofrimento do “EUlandes” gira em torno de seus fracassos, pois acredita que a vida deveria favorecê-lo frente os demais. Sua lógica competitiva não lhe permite perceber que caminha na terra com a mesma condição de mortalidade dos demais.
Aliás, a morte é um assunto tabu para o morador da “EUlândia”, pois a finitude confronta seus sentimento de privilégio, pois nem ele será poupado de um dia deixar a terra como todos os outros. Feiúra, doença e velhice são temas proibidos porque remetem à decrepitude humana.
O “EUlandes” não pode esperar, é ansioso, controlador, irritado e acredita que se der um jeitinho tudo chega conforme seus desejos. Se é um morador da “EUlândia” competente e persistente ele até pode conseguir alguns resultados e obter sucesso, mas se não for tão bom nisso é capaz que fique depressivo e reclamando que nada sai ao seu gosto.
Essa busca de dominância do EU sobre o mundo e os outros causa tantos problemas de convívio que eu poderia passar horas enumerando eles.
Mas por hora, já está bom! Viva a “EUlândia”!
Ps: sei que fiquei afastado do blog, só estava recarregando as baterias sombrias! Estou de volta!
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
A rotina e a felicidade
Nos escondemos do
desconhecido e da felicidade
______________________________
Minha profissão de psicólogo me permite observar coisas lindas e assustadoras da natureza humana.
Aliás, quanto mais eu conheço as pessoas e a mim mesmo mais eu acredito que é muito difícil definir qual é o sentido da vida e do universo.
De forma superficial cada pessoa encontra um sentido específico para si mesmo. Alguns buscam no trabalho, outros na família, ainda os que buscam num amor e aqueles que buscam na religião.
Todas essas formas cotidianas de lidar com a realidade são tentativas saudáveis de todos nós lidarmos com o mistério da vida.
Se olharmos mais profundamente se o sentido da vida vai sendo construído na medida que a vida acontece ele não está pré-determinado à priori como muitos pensam. Há tendências e possibilidades, nunca certezas.
Para lidar com a sensação desconfortante desse enigma constante criamos a rotina como forma de demarcar a passagem do tempo.
Acreditamos que é segunda-feira para sentir que algo está começando e que no domingo algo finaliza (oficialmente a semana começa no domingo). No ano também, agora todos estamos com novo fôlego sendo que apenas alguns dias passaram do ano passado.
Por que é tão difícil lidar com a ambigüidade da vida?
Por que é tão doloroso suportar a inconsistência de nossas emoções?
Por que criamos categorias para classificar a experiência humana?
Porque não toleraríamos a vida se não colocássemos tudo numa caixinha.
A vida é realmente um enigma sem resposta. A realidade está a cada minuto sendo tramada pelas mãos de 7 bilhões de pessoas no planeta Terra. As possibilidades estão na escala das trilhões de trilhões de alternativas viáveis.
Não há certeza absoluta. Não podemos garantir nada para o dia seguinte, a hora que vem.
Se no mundo externo é assim que dirá no turbilhão de mudanças do mundo interior.
Cada momento muitos pensamentos, sentimentos, sensações passando por nós.
Amor e ódio, vontade e desânimo, saudade e desprezo caminham juntos no palco de nosso sistema consciente-inconsciente. Sentimentos contraditórios coabitam em nossos corações causando uma profunda sensação de estranhamento.
Para tolerar esses paradoxos criamos a rotina e as verdades absolutas. Nos escondemos do desconhecido e da felicidade. Tememos perder o controle, sair do lugar comum, arriscar o inimaginável. Sedamos a nossa capacidade criativa em nome do conforto.
Conforto esse que é apenas aparente.
O que você escolhe a certeza ou o enigma?