Ex-blog sobre o livro "Por que fazemos o mal". Atual mosaico de idéias sobre relacionamentos amorosos e filosofia de vida!
quarta-feira, 24 de março de 2010
Isabella, Nardoni e Madrasta
sexta-feira, 12 de março de 2010
Vida e morte
quarta-feira, 10 de março de 2010
Você é transparente?
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Seu profundo medo de ser
ferido emocionalmente
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Hoje em dia há uma mania de algumas pessoas afirmarem "eu sou transparente, sincero e espontâneo, quem quiser me aguentar que já saiba que eu sou assim! Eu falo o que tiver que falar para quem quiser! Falo na cara!"
Acho estranho isso... Realmente acho...
Tenho até um pouco de dó das pessoas que falam isso... Ou compaixão, sei lá!
Mas quando eu ouço isso eu leio nas entrelinhas "já fui tão machucado pelos outros, estou com medo de não ser amado e por isso eu ataco antes de que alguém me faça algum mal!"
É uma realidade triste que vive esse tipo de pessoa, está sempre desconfiado, tenso e na defensiva. É um desgaste sem tamanho para conseguir imprimir uma personalidade aparentemente espontânea e forte.
Curiosamente ela associa espontaneidade com agressividade, pois o jeito sincero é aquele que só é capaz de falar verdades duras. Na sua maioria, verdades cruéis.
A pretexto de transparência algumas pessoas se tornam sincerocidas, matam o outro com tanta sinceridade. Acreditam (sem perceber) que a unica coisa espontânea que pode sair dela são palavras duras. Como se carregassem uma coisa ruim dentro dela.
É difícil ver essas pessoas dizerem que amam, sentem falta e estão frágeis. Se fossem transparentes esses sentimentos também viriam à tona.
A dificuldade de mostrar sua vulnerabilidade denuncia seu profundo medo de ser ferido emocionalmente. Adotam uma postura na vida que chamamos de contra-fóbica, de tanto medo que tem adotam uma postura extremamente oposta.
O medo de ser rejeitado é tanto que a pessoa escancara seu jeito bélico de ser, na dentro está encolhida morrendo de medo de ser criticada. E se caso for criticada já tem uma contra-crítica na ponta da língua "eu não preciso de você pra nada, você não paga minhas contas, então pouco me importa sua opinião!". Mentira, tudo mentira, pois ela rebate o golpe só para não sentir a dor de ter sido repudiada.
É como se dissessem "sou podre por dentro, ninguém gosta de mim, sendo assim você vai se atrever a gostar de mim?". É como se impusessem uma bateria de testes para que os outros provem que a amam. Após inúmeras "provas de amor" aceitam o candidato.
A pena é que esses candidatos a amigos são sempre pessoas de personalidade frágil, dependente e com uma autoestima no pé. Por essa razão se escondem debaixo do guarda-chuva tempestivo da pessoa "sincera". Melhor ser amigo do que inimigo, elas pensam. Acabarão sendo um penico ao ouvir as verdades duras da boca do sincero, que sempre falará com ar de "estou falando para o seu bem, para você crescer e parar de ser pacato, você tem que se posicionar mais!".
Se os amigos do sincero fossem se posicionar diriam "você é grosseiro, cruel, sarcástico e já me fez chorar muitas vezes, nem sei porque gosto de você, acho que porque eu não tenho um pingo de amor próprio, pois se tivesse eu mandaria você para a p. que o pariu! Quando você vai perceber isso, se tratar e demonstrar carinho sem ser alternado com pancada?"
Você teria orgulho de dizer daqui pra frente que é sincero e transparente?
quinta-feira, 4 de março de 2010
A maior sombra: o eu
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Caminha na terra com a mesma
condição de mortalidade dos demais
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Qual a maior sombra da humanidade?
O desejo de poder. Certamente essa é a maior sombra que todos carregamos e que está fundada numa base simples e comum a humanidade: o sentimento do EU.
É fundamental o sentimento de termos um EU que pensa, age, vive e tem alguma lógica coerente. A capacidade de sentir que eu sou um EU me ajuda a governar meus passos.
No entanto, associado à esse sentimento há outros que marcam o exagero dessa idéia de EU: o exclusivismo e privilégio.
Chamarei esse trio de EU, exclusivismo e privilégio de “EUlândia”. Vivemos nesse parque de diversões desde pequenos. Somos exclusivos da nossa mãe, alimentados, cuidados e acariciados como se fôssemos únicos. Com o tempo descobrimos amargamente que somos mais uma entre várias fontes de satisfação para a mãe. Mas guardamos esse sentimento de nostalgia. Queremos ser exclusivos para tudo e todos, não toleramos dividir atenção e amor.
O privilégio segue na mesma lógica, pois como somos exclusivos precisamos ser prioridade. Basta ver o trânsito paulistano, cada motorista acredita que só ele precisa chegar mais rápido no seu destino. Por isso age como se tivesse preferência em relação aos outros. Quando algo ruim acontece na vida de alguém ela se pergunta “por que eu?”, oras, por que não ela?
Os moradores da “EUlândia” não conseguem ter uma empatia sincera, de realmente se colocar no lugar dos outros. Perdem a noção de que não são os atores principais do filme cósmico. Agem como se estivessem interpretando a saga de suas vidas exclusivas e privilegiadas e que os demais são meros coadjuvantes e figurantes. Peças no seu tabuleiro que podem ser colocadas e retiradas quando quiser.
Todo o sofrimento do “EUlandes” gira em torno de seus fracassos, pois acredita que a vida deveria favorecê-lo frente os demais. Sua lógica competitiva não lhe permite perceber que caminha na terra com a mesma condição de mortalidade dos demais.
Aliás, a morte é um assunto tabu para o morador da “EUlândia”, pois a finitude confronta seus sentimento de privilégio, pois nem ele será poupado de um dia deixar a terra como todos os outros. Feiúra, doença e velhice são temas proibidos porque remetem à decrepitude humana.
O “EUlandes” não pode esperar, é ansioso, controlador, irritado e acredita que se der um jeitinho tudo chega conforme seus desejos. Se é um morador da “EUlândia” competente e persistente ele até pode conseguir alguns resultados e obter sucesso, mas se não for tão bom nisso é capaz que fique depressivo e reclamando que nada sai ao seu gosto.
Essa busca de dominância do EU sobre o mundo e os outros causa tantos problemas de convívio que eu poderia passar horas enumerando eles.
Mas por hora, já está bom! Viva a “EUlândia”!
Ps: sei que fiquei afastado do blog, só estava recarregando as baterias sombrias! Estou de volta!