segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Por que damos esmola?

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Nos constrangemos da
nossa própria necessidade interior
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Desde que comecei o trabalho com minhas sombras eu não dou mais esmola.
Por que fiquei desumano? Egoísta? Insensível?
De forma alguma, mas em contato com minhas sombras eu consigo ver além do que meus olhos enxergam.
A mendicância não é uma prática nova. É uma profissão antiga. Em reportagem recente da Veja São Paulo fizeram uma análise de alguns pedintes. Perceberam que eles viviam de forma confortável com as esmolas que recebiam.
Pessoalmente, eu não concordo com esmolas, pois estimula uma prática que não promove evolução real. Prefiro fazer trabalho voluntário e doações para entidades filantrópicas realmente sérias.
Mas a sensação de dar esmola é quase irresistível.
Pelo simples fato de que não conseguimos resistir ao pensamento de que seríamos egoístas caso negássemos uma ajuda a uma pobre pessoa necessitada.
Podemos racionalmente até saber que aquela pessoa é um falso pobre ou aleijado, mas o peso que a culpa tem é capaz de fazer vergar no chão qualquer brutamontes.
Não gostamos de nos sentir mal ou maus. Além disso, na maior parte das vezes nos projetados na figura do necessitado e nos constrangemos da nossa própria necessidade interior. Não conseguimos recusar um pedido de nosso mendigo interior. Aquela parte sombria de nossa personalidade que tem uma voracidade e carência terrível e não pode ouvir um não.
Não falamos não para o pedinte, porque não gostamos de ouvir não da vida.
Você suporta ouvir um não?

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Negação e autoajuda

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Sem perceber você será
levado de volta para o presente
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No artigo do “Desafio do mal” eu pedi que as pessoas confessassem qual o maior mal que já fizeram na vida. Agora vou escrever sobre cada um dos comentários.

Anônimo 2 - de 4 de novembro disse...
Minha maior maldade foi na infância, adorava arrancar as pernas das formigas uma a uma. Já tinha me esquecido disso. Será que é bom lembrar das maldades que fizemos ou sepultá-las no esquecimento? Parece que trazer a tona essas lembranças faz-nos sofrer, até quando...?

No livro de auto ajuda e psicologia "Por que fazemos o mal?" falo sobre negação
“Negar um assunto, acontecimento ou característica só prolonga o sofrimento de vivê-lo. Acreditar-se mais do que é ou menos do que poderia ser não torna você realmente grande ou pequeno”

A negação de algum acontecimento passado, ao contrário do que pensa a maioria não alivia o sentimento passado. É como se você deixasse a massa do pão descansar com fermento, em uma hora estará o dobro de tamanho.
A diferença entre um luto bem vivido e um mal vivido é sutil.
O luto mal vivido é cheio de lamentação, choramingos, revolta e dramaticidade. E dessa forma tentamos criar barreiras emocionais para não reviver aquela dor. Mas ela permanece lá, à espera de ser olhada com carinho, segurança e amor.
O luto bem vivido é silencioso, com lágrimas profundas e até um sentimento inicial de desolamento. Quando esse sentimento é realmente vivenciado cria uma sensação de pesar que vai sendo lentamente substituída pelo reencanto da vida.
A negação não permite esse reencantamento, ela induz à uma sensação de paralisia emocional que bloqueia todos os canais da vida. É como conviver com um elefante colorido no meio da sala e fingir que ele não está lá.
A pessoa que nega o passado normalmente revive o pesadelo do passado como se fosse o presente.
Trazer a tona as lembranças e olhá-las com carinho é respeitar aquela pessoa que fomos e que merece toda a nossa compaixão sincera. E não importa quantas vezes voltemos para abraçá-la, pois em algum momento ela irá retribuir a atenção com uma doce e suave despedida.
Sem perceber você será levado de volta para o presente sem esforço e aquela impressão ruim ficará como algo realmente do passado!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Culpa e autoajuda

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O mal imaginado é menor
que o falso bem realizado
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No artigo do “Desafio do mal” eu pedi que as pessoas confessassem qual o maior mal que já fizeram na vida. Agora vou escrever sobre cada um dos comentários.

Anônimo 1 - de 3 de novembro disse...
Já fiz tantas maldades, desde sempre, que me é difícil escolher uma.O que me incomoda é não saber do que sou capaz; de não conseguir controlar os meus instintos, num determinado momento, e de vir a sofrer a vida inteira, pelo mal que fiz e/ou causei, e pelo juízo que possam fazer de mim.A minha maior maldade é de não assumir as maldades. Temo ser capaz de tudo. Porém, luto por gostar de mim e de viver em harmonia com os demais.abraço

No livro de auto ajuda e psicologia "Por que fazemos o mal?" faço um alerta importante sobre a culpa.

“Há uma grande diferença entre sentir culpa e assumir a culpa.
Quando você se sente culpado sua fala é cheia de lamentação e vitimosidade. Você quer fazer a roda da vida girar para trás e começa a condenar moralmente uma atitude tomada há muito tempo. E julgar-se moralmente pelo passado é uma forma de enlouquecer, pois voltar no tempo é impossível. E essa prepotência pode fazer sua vida paralisar por muitos anos.
Mas quando você assume a culpa e percebe a seriedade do prejuízo, a culpa cede lugar a uma consternação silenciosa. E esse sentimento é realmente curativo. Depois do mal cometido é preciso que a dor e não a culpa tenha lugar no seu coração.”

A pessoa que realmente se responsabiliza sobre aquelas maldades que cometeu raramente reincide. Ela se torna mais compenetrada sobre suas atitudes e, portanto, acaba rastreando dentro de si mesmo algum sinal de alerta de um mal que se aproxima.
Você passa a ter um radar para maldades internas e externas. E não se penitencia sobre as próprias atitudes, mas se torna consciente de cada movimento sombrio.
Normalmente a pessoa que tem medo de fazer alguma grande bobagem pode cair em duas opções. Ela não é capaz de fazer nem 10% do que pensa que poderia fazer. Ou ela é uma pessoa realmente capaz de tudo, e provavelmente essa pessoa não estaria lendo sobre esses assuntos.
Normalmente nós superestimamos nossa capacidade de fazer o mal e subestimamos nossa ação maldosa real. Aquilo que consideramos um mal normalmente é menor do que consideramos algo bom. É estranho, mas tenho observado isso. O mal imaginado é menor que o falso bem realizado!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Geyse e Uniban

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Pois quando apedrejamos moralmente
Geyse (...)estamos renegando
o nosso próprio exibicionismo,
desejo e sensualidade.
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No livro de auto ajuda e psicologia "Por que fazemos o mal?" comento sobre a 3a lei da sombra que se intitula
"A sombra pode ser projetada no outro"

"Um dos mecanismos que utilizamos para fugir das sombras é projetá-la nos outros.
É como se houvesse uma novela diante dos olhos. Você fica bravo com o bandido e feliz quando o mocinho vence. No entanto, essa novela se passa em sua cabeça.
A dificuldade de olhar para as imperfeições (e cada um cria a sua) faz com que você olhe esse espetáculo de uma platéia onde tudo é confortável.
Toda vez que você fofoca sobre o azar do vizinho ou do colega de trabalho está na verdade falando de si mesmo.
Você pode passar uma vida inteira vendo a sua sombra (e chance de evolução) rondar seus passos e fingir que o problema está nos outros.
Talvez agora esteja se perguntando, então, tudo o que me incomoda nos outros é minha sombra?
A resposta é sim e não. Sim, pois se isso te incomoda e afeta descontroladamente é sombra."


O acontecimento envolvendo a estudante da Uniban trata de um fato psicológico que se tornou um problema de ordem social.
Esse texto não é uma análise político-social sobre quem tem razão, é apenas uma análise psicológica.
A idéia de que uma mulher provoque a libido e raiva nos outros é contraditória.
De um lado os homens adoram esse comportamento provocativo nas mulheres, no entanto recriminam essa atitude como se fosse de uma vagabunda.
O homem ama e odeia as mulheres que provocam seus desejos. Desejam e se intimidam com esse tipo de ousadia. Só a eles e autorizado o comportamento ativo na conquista sexual.
No caso das mulheres também causa ambiguidade. De um lado elas desejam atrair fisicamente o olhar dos homens, no entanto, não querem ser só vistar como corpo. E da mesma forma com que provocam os homens não gostam de outras mulheres que fazem o mesmo. Consideram a si mesmas como sedutoras discretas e meigas e classificam as rivais como vadias vulgares.
É estranho como lidamos com esse tipo de situação.
Pois quando apedrejamos moralmente Geyse ou qualquer mocinha voluptuosa da vizinhança estamos renegando o nosso próprio exibicionismo, desejo e sensualidade.
Na verdade ainda temos receio de nossos impulsos. Não gostamos de ver a sensualidade escancarada à céu aberto e acabamos condenando uma pessoa que nos lembre que o desejo é real.
Somos seres sexuais, além de intelectuais.
Colocar uma hierarquia nessas dimensões seria como dizer que a audição é mais importante que a visão e vice-versa.
É curioso também perceber como sob determinadas circunstâncias podemos fazer o mal. Agir junto com uma turba de alunos descontrolados com ameaças físicas e verbais contra uma pessoa.
Justificados por receber uma agressão de um tipo de roupa dita inadequada ou um comportamento dito exageradamente provocativo (do alto da boa moral e dos bons costumes) agiram de uma maneira desproporcionalmente violenta contra uma pessoa.
Pessoas ditas boas e justas podem ser tão impiedosas quanto aquelas que condenam.
Talvez a história de Geyse nos ajude a perceber o quanto ainda guardamos sérias condenações no que se refere à sexualidade, a como a exibimos e como somos vistos pelos outros.
Bela sombra!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Desafio do mal!

Vou lançar um desafio nesse blog...
Você irá colocar um comentário anônimo e confessar:
QUAL FOI A MAIOR MALDADE QUE VOCÊ FEZ NA SUA VIDA?
Depois do décimo comentário eu vou começar a selecionar a melhor maldade até que eu eleja uma delas e escrever um texto a respeito!
Não postarei mais nenhum texto até ver 10 comentários no blog.
Se eu vou colocar qual foi minha maldade?
Sim, mas será entre os anônimos.
Qual é a graça de confessar publicamente?
Aguardo os comentários!

Beijos e abraços!

Frederico mattos