terça-feira, 26 de maio de 2009

Moral e a sombra



Desde que o mundo é mundo as pessoas se preocupam “o que vão dizer de mim?”. A civilização trouxe incômodos desse tipo que na primitividade não existiam. A revista Caras não venderia mundo entre os nômades e neanderthais, pois ninguém se preocupava com a vida alheia.
Pois bem, hoje nós morremos e matamos por causa de nossa reputação. Crianças nascem sob o peso de “e quando vocês vão ter filhos?”. Educa-se os filhos sob o império de “mas você não devia educar as crianças desse jeito!”. Passamos a pré-adolescência com a pressão de “vai beijar ou não vai beijar?”.
Depois do primeiro beijo logo vem a preocupação “e quando vai transar?”. Ao mesmo tempo dizem “você deveria estudar nessa ou naquela faculdade!”. Mas também dizem que você tem que trabalhar “se não vão achar que você é vagabundo ou coisa do tipo!”. Depois de formado tem que estar com um bom emprego ou “quer parecer um perdedor comparado com fulano!”. E tem que estar com casamento em vista porque “vai ficar pra titia!”. E logo a preocupação que os pais tiveram com a data de nascimento dos seus próprios filhos. Até pra ficar doente tem que pensar. E morrer? Tem que morrer “com dignidade!”
Isso é moral!
Um monte de coisas que dizem que tem que fazer. Que veio de lugar nenhum e vai para lugar algum. Ninguém sabe quem disse, onde está escrito e também quem vai cobrar depois, mas é melhor seguir. Se você não quiser ficar “mal falado!”.
Numa cidade do interior pelos anos de 1960 uma jovem moça usou calça jeans, tão habitual hoje em dia. Mas na época era um absurdo típico de mulheres fáceis, “da vida” e, portanto, não deviam usar esse tipo de roupa.
Essa moça tinha usado a calça, pois soube que era moda em Paris, cidade chique, segundo ela. Nos dias seguintes ela caiu sob uma chuva de acusações de todos os moradores da cidade. As outras moças foram proibidas de falar com ela, os rapazes (apesar de terem gostado) foram proibidos pelas suas mães de se aproximarem dela.
Na escola proibiram sua entrada. Enfim, foi condenada ao isolamento e em pouco tempo adoeceu de uma doença sem explicação. O médico da cidade fez vistas grossas à moça, pois foi pressionado pela Liga de Senhoras da cidade (perderia sua clientela) a deixá-la pagar os pecados. Em pouco tempo, para alívio da cidade e desespero da mãe aconteceu o funeral solitário da filha única.
Ela morreu sob o peso da moral de uma pequena cidade! Coisa estranha, morreu de ser mal-falada!
Isso é menos comum atualmente, mas no íntimo nós passamos pelo mesmo tipo de pressão em nossos pequenos círculos de convívio. A moral do nosso grupo, passa a ser a nossa moral. O que dizem que é certo é o Bem, o Belo e a Verdade, e o que dizem que é errado é o Mal.
No fundo quando nos sentimos bem é porque atendemos ao que nosso grupo determinou como bom, belo e verdadeiro e quando nos sentimos mal é porque contrariamos essas mesmas regras. Nossa consciência, portanto é restrita ao grupo que escolhemos pertencer, e nada mais profundo do que isso.
Nossa consciência é um punhado de regras que nos fazem sentir pertencendo ou não a uma comunidade. Não tem nada de divino nesse sentido. É a vizinhança, os familiares, os colegas de trabalho e a turma da igreja (terreiro, centro espírita, templo budista) que dizem o que você deve ou não deve fazer e não Deus.
Fique realmente tranqüilo, pois Deus não tem nada a ver com essas baixarias que inventamos na Terra.
O mais inacreditável é que repassamos essa moral à diante. Basta alguém fazer alguma coisa que eu aprendi que não devia fazer e, apesar de não concordar, eu também repreendo essa pessoa. É um cego guiando outro cego com uma regra que não faz sentido nenhum. “Me disseram!”, é a explicação.
Que profundidade!
Curiosamente já condenaram pessoas por levantar peso no dia de sábado, por não comer carne em uma sexta-feira do ano, por cobiçar o burrico dos outros, por mexer com ervas da natureza para fazer remédios, por descobrir que o Sol não gira em torno da Terra, por pedir o divórcio e vestir calça jeans!
Será que as regras que você tanto zela e se tortura por não cumprir serão levadas tão à sério daqui dez anos?
Aí logo vem a preocupação dos moralistas. Mas se não houver regras como ficamos? Ficamos perdidos, sem dúvida. Mas eu não estou falando de regras e sim de uma moral que inventamos.
A regra é um acordo que se convencionou em Lei. E cada país tem a sua. E segundo essas regras existem comportamentos que são passíveis de punição e outros não. Quem deve tomar conta disso é o delegado, o advogado e o juiz. Fora isso, todo mundo é palpiteiro e intrometido.
As regras estão bem claras na legislação (algumas ultrapassadas, pois a sociedade evolui). Mas a moral que se prega não tem nada a ver com legislação e sim com o sentimento de poder que as pessoas tem em julgar bem ou mal a vida dos outros conforme seus interesses.
Se eu ganho dinheiro fácil sou sortudo, mas se é o vizinho que eu não gosto digo que não é merecido!
Se eu me apaixono por outra pessoa que não sou casado penso que afinal de contas o casamento não vai bem e que mal tem. Mas se é minha cunhada digo que ela é uma vagabunda sem caráter!
As medidas são diferentes conforme o gosto do freguês!
O que chamamos de boa ou má moral são circunstâncias que inventamos para controlar os outros conforme nossos interesses.
Diante disso eu sempre pergunto para meus pacientes, será que você tem medo (tristeza, raiva, inveja, ciúme) disso ou está com medo do que os outros vão pensar?
Não preciso nem dizer a resposta!
Sofremos, de fato, muito menos por aquilo que fazemos, e muito mais por aquilo que os outros vão pensar ao nosso respeito.
Aliás, quem são “os outros”?
Se os “outros” forem as pessoas que estão perto de você eu lamento. Mas se os “outros” querem ver você feliz não vão se importar de ver você tomando uma decisão que te faça sentir melhor.
Mas se elas falarem contra você depois de uma atitude você vai descobrir quem realmente te ama e quem está preocupado em ter poder sobre sua vida!
E se disserem, “mas você vai sofrer!”, você pode responder, tudo bem, eu assumo as conseqüências.
Mas assuma, pois isso vai fazer você realmente se sentir maduro.
E sua vida vai ser muito mais profunda e ampla, muito além da moral!

sábado, 16 de maio de 2009

Um homem prevenido vale por dois?

Há um ditado comum que diz “um homem prevenido vale por dois”. Honestamente não sei quem falou isso pela primeira vez. Com certeza era uma pessoa atormentada por ansiedade.
Um homem que vale por dois pode parecer um nom negócio para quem tem medo de tudo. No meu entender se eu valho por dois é que um só não basta.
Um homem que vale por dois é alguém que carrega dois “eus”, um eu que está aqui-e-agora e outro que está no futuro. Peso duplo, estresse duplo.
Sofro o que o presente me trás e aquilo que acho que vai acontecer no futuro. E por isso sofro triplamente, por agora, por depois e por agora pensando no depois.
Um homem prevenido sofre três vezes, portanto, não tem lucro nisso, só desgaste.
Esse outro Eu que fica instalado no futuro suga a sua energia e consome o melhor do seu desempenho. Viver na defensiva não é um bom negócio, cria sombra! Preciso ficar me antecipando a cada acontecimento como se fosse ser atacado. Na verdade estou lutando virtualmente com um inimigo que nem se anunciou.
Estar aberto aos acontecimentos da vida cria uma sensação de confiança e alivia do peso imposto pela preocupação.
Por isso eu proponho um novo ditado “um homem presente vale por si mesmo”!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Por que Susan Boyle é um fenômeno mundial?

Quando vemos aquela mulher de 47 anos, corpulenta, roupas ultrapassadas, cabelos grisalhos e olhar ingênuo-caipira pensamos, o que a fez se tornar um fenômeno mundial na internet?
http://www.youtube.com/watch?v=xRbYtxHayXo&feature=related
Ela enfrenta desconcertada seus julgadores-salvadores e se dispõe a cantar. Para realizar um desejo juvenil buscou um show britânico para novos talentos. Diante de sua aparência a platéia incrédula pensa: “mais um fiasco!”, ainda mais “e nós vamos rir disso!”. Essa piada anunciada e com riso garantido é interrompida ao som potente da mulher virgem que mora em um vilarejo da Inglaterra.


Por que não resistimos ao impacto de sua voz?
Porque Susan Boyle representa uma sombra que a maior parte das pessoas recusa ver: da pessoa que acredita mesmo ser ter certeza do resultado.
O que nos dá prazer ao assistir esses programas de novos talentos é o impulso maldoso de ver pessoas anônimas sendo humilhadas. Quando alguém começa a cantar e se mostra bizarra, sem voz e até ridícula uma voz dispara na sua cabeça “ainda bem que não sou eu lá”. E imediatamente vem um alívio em forma de risada.
Assistimos tranqüilamente alguém ser jogado aos leões e vibramos junto com Simon e suas críticas duras aos candidatos. Nos sentimos poderosos ao ver Simon julgar aquelas pessoas ao expulsar cada uma do seu paraíso.
No entanto, é essa mesma arrogância (secreta) que prejudica o seu caminho numa entrevista de emprego. Você carrega dentro de si uma confiança frágil na esperança de ser escolhido para a vaga. Mas, basta chegar o dia da entrevista para sentir dor de barriga e um medo paralisante seguida de um enxurrada de pensamentos negativos: “Você não vai conseguir”, “quem vai querer um empregado que nem você?”, “o que você pode oferecer para essa empresa?”.
É a parte secreta de você mesmo sendo o carrasco da sua vida.
Na hora da paquera, o pretendente nem precisa demonstrar uma recusa. Você mesma desiste antes do flerte. “Quem vai querer uma pessoa como você?”, “Ele deve ter mulheres bem mais interessantes que eu”, “Eu sou uma fracassada mesmo!”. Se você precisava de um inimigo, já arranjou, está dentro de você.
O que isso tem a ver com Susan Boyle?
Na hora que ela é bem avaliada a nossa parte cética e arrogante tem que engolir a seco e perceber que nem todas as portas estão fechadas.

Não estão fechadas se ao menos você não tentar.
Aquela parte de nossa personalidade cheia de vida, esperança e sucesso que deixamos enterrada no fundo da alma encontra em Susan Boyle um espaço para vir à luz.
Pensamos “será que eu também não consigo?”, “alguém poderia valorizar o meu talento?”, “sei que consigo se realmente tentar”.
Sombra também é aquilo que tenho de bom e não uso. No caso Susan Boyle vemos a nossa sombra de sucesso ser despertada: “se ela pode eu também posso!”
Por isso a imagem de Susan marcou você e pessoas de todo o mundo!
Se você for além das críticas do Arrogante Interno e seguir em frente pode conquistar muitas coisas. Respeite o direito do Arrogante Interno tentar te proteger do fracasso, mas diga a ele “ok, já ouvi você, e tomarei cuidado, mas agora quero ouvir a minha parte que tem muita luz e sucesso”.
As duas partes podem até dar as mãos para você e ficarem surpresas com seu bom desempenho. Você pode surpreender seu julgador interno, assim como os jurados ficaram pasmos diante de Srta. Boyle.
Você pode!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Contra-capa do Livro

Por que fazemos o mal?
Numa época de atentados terroristas, tráfico de drogas, assassinatos entre pais e filhos, marido e mulher você quer entender o que se passa na cabeça de quem mata, abusa, engana e maltrata os outros.
O psicólogo Frederico Mattos leva você a mergulhar no universo obscuro da personalidade humana.
A sombra é aquilo que você rejeita, reprime, nega em sua vida.
Você se sentiria tranqüilo em falar sobre assuntos tabus?
Confessar alguma maldade que cometeu?
Ou mesmo tirar a sujeira debaixo do tapete?
E encarar os fantasmas do passado?
Você irá encontrar as respostas para o fracasso financeiro, problemas amorosos e conflitos existenciais.
Ao mesmo tempo propõe exercícios simples e profundos para identificar e transformar a sombra da personalidade.
Esse livro vai revolucionar sua vida!

Conteúdo do Livro

Apresentação
Introdução
Conceito de sombra
As várias caras da sombra
Máscara
O mundo das sombras tem as suas leis
A sombra no dia-a-dia
Sobre a mente criminosa
Alerta importante – sobre a culpa
Sobre os sentimentos
Por que nunca tenho sucesso?
Sombras em casal
Sombras familiares
Sombras profissionais
Agressividade
Sexualidade
Dinheiro
Existencial
Vender a alma ao diabo
A sombra de nossos tempos
Afinal, o que é o mal?
Qual o limite do mal?
Para quem quiser trabalhar com a sombra
O que as sombras escondem de bom
Paradoxo: o bem e o mal
Benefícios de integrar as sombras
Exercícios
· Básico Intermediário Avançado
Conclusão
Filmes indicados
Indicação de livros